Município de Niterói é pioneiro em loja ecossustentável no País
O Fluminense, Letícia Mota, 01/nov
Com um número cada vez maior de construções e a necessidade de se proteger o meio ambiente, nos últimos anos surgiram iniciativas que incentivam a criação de projetos sustentáveis na construção civil. Atualmente, no Brasil, existem duas certificações para os chamados "prédios verdes".
O Aqua (Alta Qualidade Ambiental), baseada em modelo francês, no qual as etapas para a certificação vão desde a elaboração do projeto, passando pela conclusão até o funcionamento do empreendimento; e o selo Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), desenvolvido pelo U.S Green Building Council (USGBC), que é formatado de acordo com as leis norte-americanas.
As duas certificações incentivam a utilização de sistemas para absorver a energia do sol, utilização de materiais sustentáveis, economia de água e energia, além de outras iniciativas. No entanto, o selo Aqua é mais adaptado às necessidades brasileiras, e Niterói se tornou uma cidade pioneira ao contar com o primeiro empreendimento do País a receber este certificado.
A loja de materiais de construção, decoração e jardinagem Leroy Merlin, inaugurada na última quarta-feira, no Barreto, Zona Norte, é também a primeira da rede, em todo o mundo, a receber o selo, por ser totalmente ecossustentável.
Parceria - Inspirado no selo francês HQE, o Aqua foi desenvolvido pelos professores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Global Environmental Alliance (GEA) for Construction - uma associação voltada para o compartilhamento de informações e conhecimento científico entre países que, além do Brasil, inclui França, Itália e Líbano, entre outros.
A certificação Aqua, lançada no Brasil em 2008 e consagrada mundialmente, conta com uma metodologia que permite o controle total do projeto e da obra, incluindo: programa, concepção e construção, com foco no sistema de gestão e a qualidade ambiental.
Inauguração - Durante a inauguração da nova loja, a certificação Aqua foi concedida à rede francesa pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini, responsável pelo projeto no Brasil. Segundo José Joaquim Ferreira, diretor de certificação da entidade, a unidade de Niterói servirá de estímulo a outras empresas, para que se tornem ecossustentáveis.
"A certificação Aqua para esta loja demonstra, de forma inegável e inequívoca, a alta qualidade ambiental do empreendimento que é conferida por meio de auditorias independentes, realizadas pela Fundação Vanzolini. A Leroy Merlin pensou na qualidade de vida dos funcionários e clientes, na economia de água, energia, disposição de resíduos e manutenção e na contribuição para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da região", explicou Ferreira.
Para obter a certificação, como disse Alain Ryckeboer, diretor-geral da Leroy Merlin Brasil, a empresa trabalhou para que fossem atendidos os critérios de desempenho da Qualidade Ambiental do Edifício (QAE).
"A Leroy Merlin adotou a filosofia sustentável em suas operações entendendo que algo mais pode ser feito em benefício do bem-estar da sociedade. Nossos clientes terão a certeza de poder contribuir para o desenvolvimento sustentável e equilibrado de uma região", explicou Ryckeboer.
Inovações
As principais inovações da loja de Niterói são o ar-condicionado de alta eficiência, que consome 17% menos energia que os convencionais; o tratamento acústico, com foco no conforto dos usuários; painéis termossolares para aquecimento de água; sistema de aproveitamento de água de chuva; mictórios secos, que não utilizam água; e fachada principal com vidros de alto desempenho e brises (espécie de quebra-sol) que permitem iluminação natural sem aumentar a carga térmica do ar-condicionado.
Além disso, há utilização de esteiras para dar acessibilidade a deficientes físicos; sistema de poços de infiltração de água que previnem inundações e uso de lâmpadas LED (pequenas luzinhas) de baixo consumo, entre outros itens.
Segundo Pedro Luiz Sarro, gerente de obras da Leroy Merlin, para compor o paisagismo da nova loja foram plantadas árvores nativas, como o pau-brasil, e também espécies que atraem pássaros, o que transformará o ambiente em um local bastante agradável de se visitar. Ele explicou que a preocupação com economia de água e energia são grandes, e que o projeto prevê reúso de água.
"A economia de cada gota de água foi prioridade na construção e continuará assim no dia a dia. Foi desenvolvido um projeto que contribui para a preservação dos lençóis freáticos e para diminuir os riscos de enchente na região", disse Sarro, que completou:
"Foi construído um reservatório embaixo do estacionamento, com sistemas de captação da água da chuva, armazenamento e distribuição. O que normalmente seria perdido, aqui é reaproveitado. Assim, a água das chuvas é usada na descarga dos banheiros, para regar os jardins e também para a limpeza externa do prédio. O sistema permitirá uma economia de 50% de água", explicou Sarro.
De acordo com Fernando Botton, diretor de expansão da rede, mesmo o canteiro de obras foi projetado para ocasionar pouco impacto ambiental.
"Além da separação dos resíduos, houve o reaproveitamento de madeiras e metais, e os sacos de papelão do cimento foram encaminhados para reciclagem. O projeto do canteiro visou à qualidade de vida dos funcionários e contribuiu para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da região", disse.
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